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BRASILEIROS RETIDOS NO MÉXICO CRIAM GRUPO PARA DENUNCIAR DESCASO DO CONSULADO

Foto: reprodução / rede social

André Frigo
Notícas Gerais

A Embaixada do Brasil no México não está prestando assistência aos brasileiros que ainda estão retidos o país por causa da pandemia da Covid-19. É o que afirma um grupo de 12 brasileiros, que está reunindo denúncias dos cerca de 200 compatriotas que reivindicam a repatriação.

Desde o início da pandemia, o governo brasileiro, atuando juntamente com o mexicano, organizou dois voos de repatriação: um no dia 23 de abril e outro no dia 17 de maio. Entretanto, esses voos não tiveram a capacidade de trazer todos os brasileiros que estavam no país. Por isso, ainda há estudantes, idosos, crianças e adultos aguardando uma forma de retornar ao Brasil.

A situação chamou a atenção após Kallyel Teodósio, estudante de Direito e intercambista no México, postar um vídeo nas mídias sociais falando sobre o drama vivido por ele e por outros brasileiros retidos no país, que não estão conseguindo apoio do governo para conseguir um voo de repatriação. A estimativa é que, dos brasileiros que estão lá, 60 sejam estudantes que sobreviviam das bolsas que recebiam para fazer o intercâmbio.

Iago Xavier, que atualmente mora no México com a mulher e um filho de dois anos e meio, faz parte de um grupo de 12 brasileiros que se organizou para tentar sensibilizar as autoridades brasileiras sobre a situação dos seus compatriotas que estão no México até esta terça (27).

Iago afirma que muitos estão em situação precária, vivendo em abrigos comunitários, alguns estão morando nas ruas e sem nenhuma assistência da Embaixada, conforme aponta o depoimento de Iago que o Notícias Gerais teve acesso.

Xavier relata o drama vivido por 70 brasileiros que tentaram entrar nos Estados Unidos, foram barrados e hoje estão vivendo em abrigos comunitários na cidade de Juárez. “Vale ressaltar que o caso desses cidadão em Juárez é particularmente horrorizante, nos abrigos comunitários essas pessoas se encontram em estado de inanição e maus tratos, são impedidas de tomarem seus remédios, ou de visitar um médico, além de serem extorquidas e roubadas pelos próprios diretores dos abrigos, há ainda indícios de xenofobia e como se não bastasse, recentemente o abrigo foi alvejado por narcotraficantes em guerra com a polícia local” declarou Iago.

O grupo reuniu também vídeos de brasileiros que estão retidos e passando por dificuldades em território mexicano. Os vídeos trazem relatos de intercambistas e de outros brasileiros que estão retidas na cidade de Juárez, na fronteira com os Estados Unidos.

Atuação do governo brasileiro

Os voos organizados pelo governo brasileiro para fazer as repatriações, segundo Igor, foram feitos em aeronaves de apenas 150 lugares e que o número de interessados ultrapassava em muito o que foi disponibilizado. Após esses dois voos, os brasileiros que entravam em contato com a embaixada brasileira no México recebiam a mesma resposta. “O consulado foi procurado por cada um de nós e a resposta que tivemos foi mais ou menos a mesma: não haverá outro voo de repatriação, e não há nada que possamos fazer a respeito dos brasileiros de Juárez” ressalta Igor no depoimento.

No site da eEmbaixada do Brasil no México uma nota publicada na segunda (25) informava sobre um voo fretado por uma agência de viagens mexicana. O voo está programado para sair dia 6 de junho do Aeroporto Internacional da Cidade do México com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, fazendo uma escala técnica em Cartagena, Colômbia, país cujos todos aeroportos foram fechados desde março por causa da pandemia do novo coronavírus. O voo teria lugares para apenas 140 passageiros.

A empresa responsável pelo voo anunciou em seu site que o valor das passagens do México para o Brasil custariam 850 dólares – ou aproximadamente R$ 4.,50 mil -, com direito a bagagem de mão de até 10 kg e mais uma de até 23 kg. Os interessados tem de comprovar o pagamento até dois dias antes. A agência avisava também que apenas 30 passageiros poderiam se beneficiar de créditos junto a Aeroméxico.

De acordo com Iago, o voo já estaria com sua capacidade completa e que estariam restando apenas definir 30 lugares que foram reservados para quem tinha crédito junto a Aeroméxico. Esse voo vai deixar um número aproximado de 50 brasileiros no México sem a possibilidade de conseguir uma passagem de volta para Brasil e em sua maioria sem como se manter no país.

Sem plano de voo

A vice-cônsul brasileira no México Neide Ribeiro Gonçalves Mol afirmou ao Notícias Gerais, por telefone, que, por enquanto a embaixada não tem um plano definido para repatriar os brasileiros que ainda ficarão no país após o voo do dia 6 de junho. “Esse é um voo pago, 850 dólares por pessoa, e, por enquanto, não temos previsão para outro de imediato não. Já demos apoio em dois voos de repatriação, o último foi dia 17 de maio, de repatriação mesmo, para cento e poucas pessoas”, disse.

A vice-cônsul argumentou, porém, que acredita que o governo brasileiro irá repatriar todos os brasileiros. “Eu tenho a impressão, não tenho um dado certo, creio que vai ser providenciado outro voo. Primeiro vai solucionar esse do dia 6 de junho e em seguida eu creio que vai ter previsão para outro. Tem muitos brasileiros aqui no México. A próxima vez que você ligar tenho certeza de que vai ter outro voo”, declarou.








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