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SÓ TRÊS DOS 36 MUNICÍPIOS DAS VERTENTES TÊM ESTRUTURA HOSPITALAR PARA ENFRENTAR A COVID-19

Infográfico: Lucas Maranhão/ Notícias Gerais

Najla Passos
Da Editoria

Dos 36 municípios que fazem parte do Campo das Vertentes, apenas três têm uma estrutura hospitalar adequada para o enfrentamento à Covid-19, o que equivale a 8% do total. São eles Barbacena, Lavras e São João del-Rei, as três cidades polos da região, responsáveis por absorver também o atendimento das populações dos municípios vizinhos.

Em todo o estado de Minas Gerais, a situação é semelhante à do Campo das Vertentes: dos 853 municípios, apenas 61 tem estrutura adequada, quer dizer, 7% do total. No Brasil, o percentual acompanha: dos 5.570 municípios do país, apenas 421 tem estrutura hospitalar adequada, o que significa 7,5% do total.

Estes municípios brasileiros estão distribuídos em 26 estados e no Distrito Federal de forma nada equilibrada, o que revela a desigualdade brasileira no acesso ao atendimento médico de qualidade, em tempos de Covid-19. No Amapá, por exemplo, não há nenhum município com capacidade de atender pacientes que desenvolvam formas agravadas da doença.

As informações foram obtidas pela reportagem de Notícias Gerais a partir do cruzamento de dados do IBGE com aqueles contidos na nota técnica “Limites e possibilidades dos municípios brasileiros para o enfrentamento dos casos graves de Covid-19”, publicada por pesquisadores da Escola nacional de Saúde Pública (ENSP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), dois dos mais importantes centros de pesquisa do país.  

Números que assustam

Infográfico: Lucas Maranhão/ Notícias Gerais

A nota técnica da ENSP e da Fiocruz considera como estrutura hospitalar adequada aquela capaz de atender a média de 20% da população do município que deverá requerer cuidados mais complexos para tratamento do Covid-19, e mais especificamente, a média de 5% de pessoas que exigirá cuidados intensivos em unidades de saúde com capacidade de oferta de atendimento de alta complexidade.

“Em um país de dimensões continentais, chama atenção que, em fevereiro de 2020, 59,3% dos municípios não dispunham de respiradores/ventiladores, 51,9% não possuíam monitores de ECG, 39,6% não contavam com desfibriladores, 71,0% não registravam bombas de infusão, 84,6% não tinham tomógrafo e 90,4% não contabilizavam leitos de UTI para adultos”, diz o estudo.

Interiorização da pandemia

A nota técnica alerta para a tendência recente de interiorização da pandemia, que “requererá novos arranjos e a necessidade de geração de capacidade da prestação de cuidados em condições mais adversas”, conforme os pesquisadores que assinam a nota técnica, Margareth Crisóstomo Portela, Claudia Cristina de Aguiar Pereira, Sheyla Maria Lemos Lima, Carla Lourenço Tavares de Andrade, Fernando Ramalho Gameleira e Soares Mônica Martins.

De acordo com o estudo, leitos e equipamentos já estão sendo adicionados à estrutura hospitalar de diversos municípios do país para dar conta ao enfrentamento a Covid-19. Entretanto, os pesquisadores alertam que, frente a um quadro epidêmico já instalado, é fundamental monitorar a elevada probabilidade de que a demanda pelos recursos disponíveis cresça de forma exponencial e com padrões de uso prolongados.

os pesquisadores alertam que, frente a um quadro epidêmico já instalado, é fundamental monitorar a elevada probabilidade de que a demanda pelos recursos disponíveis cresça de forma exponencial e com padrões de uso prolongados.

Isso quer dizer que, ainda que cidades como Barbacena, Lavras e São João del-Rei tenham uma capacidade hospitalar adequada para atender sua população, o sistema poderá entrar em colapso se o avanço da pandemia for grande não só no município, mas também nas cidades vizinhas, que dependem da estrutura hospitalar destas cidades polos.

Para além do isolamento

Para minimizar o impacto negativo da doença no interior do país, os pesquisadores recomendam o isolamento social como fundamental, mas não descartam a necessidade de que sejam adotadas outras medidas de prevenção e tratamento da doença.

“As medidas para minimizar a circulação de pessoas continuarão sendo fundamentais para diminuir os níveis de transmissão da Covid-19, atenuar a propagação acelerada do vírus, distribuir a demanda por atendimentos no tempo e evitar colapso do sistema de saúde, mesmo sem desconsiderar que simultaneamente outras iniciativas de prevenção e tratamento sejam implementadas”, ressaltam.

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