Início Gerais Cotidiano SINDICATOS DENUNCIAM ‘POLÍTICA GENOCIDA’ DE VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS

SINDICATOS DENUNCIAM ‘POLÍTICA GENOCIDA’ DE VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS

Foto: Agência Brasil / Arquivo

Najla Passos
Notícias Gerais

Sindicatos de professores e trabalhadores da Educação de São João del-Rei classificaram como “genocida” a decisão do governo Zema de retomar as aulas presenciais, neste momento em que ainda não há segurança sanitária em função da pandemia da Covid-19.

Em assembleia realizada na última segunda (21), os professores da Universidade Federal de São João del-Rei já haviam manifestado posição contrária à volta as aulas presenciais. “São João del-Rei vive seu pior momento da pandemia e não é recomendável retomar as aulas presenciais neste momento”, sintetizou a vice-presidenta da Associação dos Docentes da UFSJ, a médica Ana Pimentel.

Em entrevista ao Notícias Gerais, a presidenta da ADUFSJ, Maria Jaqueline de Gramont, avalia que as medidas do governo estadual, assim como as do governo federal, têm demonstrado uma enorme irresponsabilidade com a vida das pessoas. “Abrir as escolas neste momento em que não há ainda nenhuma razão específica para confiarmos na não infecção é colcocar professores, estudantes e os pais de família em risco de morte”, afirma.

Segundo ela, é cruel o raciocínio de que, com a retomada das aulas presenciais, muitos estudantes e familiares vão ficar infectados, mas só uma porcentagem pequena vai morrer. Mas cada uma dessas mortes terá impactos profundos. “Quando morre a minha mãe, é cem por cento, porque eu só tenho uma. Quando morre meu filho, é cem por cento, porque não há como substituir um filho, mesmo que a gente tenha mais de um. O governo está esquecendo que uma morte numa família pode ser em por cento de perda”, esclarece.

Professora de Pedagogia da graduação e pós-graduação da UFSJ, ela lembra que a falta de preocupação com os professores está colocada desde o início da pandemia. “A tentativa de fazer que professores façam atendimento presencial é parte de uma política genocida da mais alta crueldade. Não há ainda segurança sanitária.

Jaqueline sustenta que não há nenhuma segurança nas escolas e nem esforços para sanar problemas estruturais históricos, como a falta de estrutura física capaz de minimizar as aglomerações. “Por que colocar nossos estudantes e seus familiares em risco por dinheiro? Para que os grandes conglomerados de educação possam voltar a cobrar suas mensalidades integrais?”, questiona.

Desigualdades sociais

A presidenta ressalta ainda que as escolas públicas concentram a população mais atingida pela Covid-19 e com maior índice de mortalidade. “Nas escolas públicas está a população mais pobre, que não tem acesso a hospitais como o Albert Einstein para se internar. Essa população pobre terá que ir para os hospitais públicos, que já estão no limite para o atendimento dessas famílias. O SUS tem feito uma diferença enorme, mas se nós não tivermos cuidados para que a infecção se mantenha em um patamar baixo, todo o sistema vai ter problema e muita gente vai morrer”, prevê ela.

Para a sindicalista, os governos federal e estadual, além das prefeituras, deveriam assinar um termo se responsabilizando por cada morte que acontecer no sistema de educação.

Mobilização e greve geral

Em suas redes sociais, o Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de São João del-Rei (SindUte SJDR) também se mostrou contrário à decisão do governo estadual e já fala em ajudar a construir a greve geral da Educação no país para se contrapor à medida.

Segundo o diretor André Nogueira, na próxima terça (29), a categoria realizará assembleia da rede estadual e, na quinta (1), da rede municipal. “Essa discussão está sendo feita no país inteiro, mas vamos discutir também uma greve estadual, incluindo também a rede municipal, caso a prefeitura de São João del-Rei opte pelo retorno das aulas presenciais”, informa.

Conforme ele, o SindUte é contrário a volta às aulas durante a pandemia por entender que essa medida colocaria em risco a vida dos membros da comunidade escolar e de seus familiares, além de agravar ainda mais a crise sanitária no Brasil.

“Muito longe de estar controlada, a taxa de contaminação da Covid-19 no país segue acelerada, segundo pesquisa recente do Imperial College, e o Brasil é o segundo com maior número de mortos e contaminados, abaixo apenas dos EUA”, diz o manifesto que a entidade subescreve.

De acordo com o Sind-UTE, os estados e municpiícios estão seguindo a “política genocida” do presidente Jair Bolsonaro, que faz pouco caso das centenas de vidas perdidas a cada dia, sem que acha qualquer segurança para a retomada das atividades: nem testes para todos, nem vacina.

Protocolos inviáveis

A direção do Sindicato alerta que é inviável garantir a adoção dos protocolos de segurança nas escolas, como distanciamento social, uso de máscaras permanente, higienização dos banheiro e espaços de alimentação, dentre outros.

“A maioria das escolas, principalmente nas redes públicas, possui inúmeros problemas estruturais, falta de espaço e de funcionários. Entre os casos mais graves estão as 10.685 escolas públicas que não têm acesso à água limpa, 8% sem rede de esgoto e 4% sem banheiro, de acordo com Censo Escolar 2019”, acrescenta o texto.

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