Início Opinião Coluna PRÓXIMA TENDÊNCIA: QUANTAS PEÇAS VOCÊ TEM NO GUARDA ROUPA?

PRÓXIMA TENDÊNCIA: QUANTAS PEÇAS VOCÊ TEM NO GUARDA ROUPA?

Carol Oliveira *

É incrível como arrumar o guarda roupa quase sempre é minha maior fonte de inspiração pra essa coluna. Assim como todo mundo, eu também passo pelos meus momentos de bloqueio criativo. De achar que tudo que eu poderia falar sobre moda ou já foi falado por mim, ou por outras pessoas. Mas, pense só, se você e eu tivermos a mesma peça de roupa, comprada na mesma loja, no mesmo dia, do mesmo material, ainda assim vamos nos deparar com infinitas possibilidades de combinação com outras peças. E, principalmente, as histórias que estamos prestes a contar serão completamente diferentes.

A minha questão dessa semana é: seletividade. Enquanto fiquei perdida em cada roupa e suas infinitas combinações e memórias, eu me deparei com uma questão curiosa, me perguntando como eu nunca sequer pensei nisso antes. “Quantas peças de roupa será que eu tenho?” Decidi fazer uma enquete e perguntar pra algumas pessoas se elas, em algum momento, por curiosidade, tédio ou naqueles dias que separamos para fazer uma bela limpa do armário haviam parado pra fazer as contas e me surpreendi com 100% de “não, nunca contei”. E eu preciso confessar que essa constatação me assustou um pouco.

Por isso eu decidi compartilhar todas as dicas que li por aí, aprendi com amigas, ou nos cursos da vida, nas palestras e as que concluí comigo mesma depois de tudo que absorvi, principalmente depois de falar sobre impacto ambiental e impacto nas contas no final do mês. Eu percebo que muitas pessoas, eu inclusa, tem aquele pequeno vício consumista de “ah meu Deus, deu tudo errado no dia de hoje, acho que vou fazer umas comprinhas” e tá tudo bem cair nesses luxos de vez em quando. Mas a moda pé no chão, que tanto faço questão de pregar aqui, é uma funcionalidade necessária pra resistir aos inúmeros chamados que podem resultar em uma crise de personalidade quando seu armário tem muito mais do que você sequer consegue vestir.

A primeira personagem dessa história é a Cláudia. E ela não é uma pessoa, é um vestido de formatura que, sim, eu comprei no meu primeiro ano de faculdade. Cláudia é um lindo vestido preto de fenda, com um decote exuberante, recortes perfeitos e um caimento que não ficou tão bom assim, mas foi o famoso “certeza que a costureira dá um jeitinho nisso”. O fim da história é que Cláudia está no meu armário há 4 anos, e obviamente não foi escolhida no dia da festa. Comprar roupas pensando no futuro é uma linha tênue entre aproveitar descontos únicos e cometer erros que ficam esquecidos no guarda roupa. Aprender a separar um do outro é fundamental pra adquirir peças que você realmente vai usar, independente da ocasião.

Agora vem a Margarida. Essa personagem é um vestido longo, todo florido, e é aí que vocês se perguntam: mas qual o problema com ela? Na verdade, o problema é comigo. Quem me conhece sabe que meu guarda roupa é uma variação de preto, branco, jeans e blusas de banda. E eu tentei muito encaixar ela nos meus looks quase monocromáticos, mas não rolou. Por isso outra dica fundamental é definir seu estilo. A soma das suas preferências, estilo de vida, experiências e até um toque de ousadia vez ou outra são bons pontos a serem levados em conta pra decidir o que combina ou não com você. Inclusive, nessa matéria de umas semanas atrás, têm boas dicas de como montar um armário cápsula prático e eliminar a sensação de “nunca tenho o que vestir”.

As outras são as trigêmeas sem nome, que nessa altura do campeonato, já morreram e descansam em paz. As três calças jeans que comprei por cem reais. Outra promoção imperdível que agradava muito meu bolso e aumentava minhas possibilidades, mas, o que esqueceram de mencionar é que, na primeira lavada a tinta desbotou e a calça encolheu. A velha história do foco na qualidade, e não quantidade. Isso não quer dizer que você precisa pagar um absurdo pelas peças, mas que é preciso tomar cuidado pra não cair nessas verdadeiras furadas. Na coluna da caça ao tesouro nos brechós, por exemplo, enxergamos como esses lugares podem ser verdadeiros potes de ouro com peças duráveis que, se já sobreviveram a tantas gerações, provavelmente sobrevivem a você também.

E, por último, a Charlotte. O nome dela é chique pra combinar com a grande febre das botas brancas, e esse foi um caso em que eu decidi seguir uma tendência do momento e, nessa situação especificamente, eu não me arrependo. Só que, pra minha tristeza, ela arranhou depois do primeiro uso. Andar por essas ruas de pedra das cidades do interior seguindo a moda do momento nem sempre é fácil. Como ousar e ainda assim ter roupas que combinem com a minha realidade? A grande questão não é ser contra tudo que está na moda, visto que muitas coisas são, inclusive, repetições de décadas passadas. Tudo se transforma, se recria, por isso levo comigo a citação de Chanel de que “ a moda passa, mas o estilo permanece”.

Essas são só algumas das minhas peripécias e histórias com o vestuário que vi por tantas vezes minha mãe passar também, minhas amigas, desconhecidas, nos filmes, em cada canto achamos pelo menos um relato de “comprei, mas me arrependi” pra ouvir e pra contar. Como de costume, termino essa coluna exaltando o lado da moda que acredito piamente e venho defender: o de se fazer pertencer, criar, compartilhar e, principalmente, de não ser só uma história esquecida dentro do nosso armário.

* Carol Oliveira é jornalista, meio perdida e meio achada no universo da moda, dos games e da música. Comunicadora e comunicativa, é perigoso um dia acabar conversando com as paredes. São-joanense, amante de um bom café com pão de queijo e uma prosa, traduz sua visão de mundo por meio das palavras e do audiovisual. Publica a coluna Próxima Tendência quinzenalmente no Notícias Gerais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui