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POR QUE AS PESSOAS MENTEM NO CURRÍCULO? PSICÓLOGA EXPLICA

Imagem: reprodução

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

Mentir no currículo é normal? Todo mundo faz? Na maior parte do tempo, as mentiras mais comuns – contadas nos currículos – são sobre o nível de inglês e questões salariais. No entanto, nos últimos dias, a polêmica aumentou quando o economista, Carlos Alberto Decotelli, que chegou a ser nomeado ao cargo de ministro da Educação pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apresentou informações falsas em diferentes pontos de sua trajetória acadêmica. Mas, afinal, porque as pessoas mentem no currículo?

Que muita gente não se sente qualificada para se candidatar a vagas de emprego, isso todo mundo sabe, todavia, mentir no currículo é considerado, no mínimo, antiético. Decotelli foi anunciado como novo ministro da educação pelo presidente no dia 25 e deixa o cargo nesta terça (30, antes mesmo de tomar posse, por causa da série de inconsistências na sua linha de formação. 

Entre as polêmicas de Decotelli, estão a declaração de um título de doutorado na Argentina, que não foi finalizado; uma acusação de sinais de plágio na dissertação de mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e um pós-doutorado que teria sido feito na Alemanha, mas que não foi realizado. A FGV ainda negou que Decotelli teria sido professor ou pesquisador da instituição, como o próprio economista havia indicado.

Foto: divulgação / Assessoria de Comunicação – Governo Federal – Ministério da Educação

O que leva a mentir?

Para a psicóloga Raquel Severino, a questão mais comum que leva as pessoas a mentirem no currículo no momento de se candidatarem para uma vaga é a necessidade de conseguir o emprego, principalmente neste momento de crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo ela, as mentiras mais comuns no currículo giram em torno do nível de domínio da língua inglesa, da remuneração que recebia no antigo trabalho e também sobre cursos que a pessoa não realizou ou mesmo não realizou no tempo indicado.

Entretanto, mesmo que Decotelli tenha dado muitas informações falsas sobre a graduação, até mesmo sobre educação em outros países, a psicóloga pontua que “mentira é mentira”. “A mentira acaba sendo a mesma, o que leva a pessoa a fazer pode ser diferente. Ele (Carlos Alberto Decotelli) pode agir de má fé, enquanto às vezes uma pessoa que é mais simples faz por ‘necessidade’”, comenta.

Porque é errado?

Mentir no currículo pode parecer, em um primeiro momento, algo inofensivo. No entanto, além de prejudicar a carreira profissional, inventar informações no momento de se candidatar para uma vaga também pode esbarrar em questões legais.

Na visão de Raquel, mentir sobre uma habilidade pode, por exemplo, fazer com que a pessoa não tenha o desempenho que a empresa espera no emprego. Além disso, a mentira pode ser percebida até mesmo no momento da entrevista.

“Na maioria da vezes, quando você vai fazer a entrevista, ela (a pessoa responsável pela condução do processo seletivo) já traz questões divergentes do que já está no papel, no currículo. Às vezes, a pessoa entrevistada apresentou alguma informação que ela engasga na hora de falar sobre e aí dá pra perceber a mentira”, esclarece.

Em muitas empresas, a seleção pode ser demorada justamente porque os avaliadores são criteriosos e, durante o ato de conferir as informações sobre os candidatos, podem descobrir a mentira.

Apesar disso, caso a pessoa seja contratada mesmo com informações inventadas, a organização pode demiti-la por justa causa caso os dados falsos sejam descobertos.

Sobre o assunto, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que torna crime a mentira no currículo, com detenção de dois meses a dois anos. 

Qual a melhor saída? 

Na opinião da psicóloga Raquel Severino, o melhor é sempre falar a verdade, seja no currículo ou nas entrevistas de emprego. Ser sincero sobre experiências, pretensão salarial e sobre formação.

E, mesmo se o candidato não conseguir a sonhada vaga, o currículo pode ficar armazenado no banco da empresa e a pessoa pode ser chamada em outra oportunidade.

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