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MULHERES EMPREENDEDORAS CRIAM GRUPO PARA TURBINAR SEUS NEGÓCIOS

Imagem que estampa o catálogo virtual do grupo. (Ilustração: Barbara Quintino)

Wanderson Nascimento
Notícias Gerais

Com o avanço da Covid-19 na região e no país como um todo, a situação econômica de empresários e empresárias de pequenos negócios têm se agravado – muitas vezes, impossibilitados de oferecer seus serviços e produtos de maneira presencial e sem auxílio governamental. Diante desse cenário, em janeiro deste ano, algumas mulheres procuraram a fotógrafa e empreendedora Natália Chagas, relatando que sentiam falta de um grupo de mulheres empreendedoras em São João del-Rei. Com isso, ela passou a pensar na possibilidade e articulou a iniciativa.

“Resolvi mandar mensagem para duas amigas que são empreendedoras para ver o que elas achavam da ideia e se topavam me auxiliar nisso. Assim, fiz uma chamada nos stories do Instagram, convidando as mulheres para participar, tanto mulheres que já têm o seu negócio, como também as que querem adentrar nesse meio (do empreendedorismo)“, relembra.

O projeto deu certo: alguns dias depois, a ideia foi aderida por muitas mulheres, que começaram a se reunir em um grupo virtual. “(Em pouco tempo), tínhamos mais de 100 mulheres de diversas áreas: artesãs, fotógrafas, desenhistas/ilustradoras, psicólogas, donas de lojas, brechós, terapeutas, sexólogas, arquitetas, donas de fast food, doceiras, prestadora de serviços, escolas de dança e Yoga, entre outras”. O grupo extrapolou as fronteiras de São João del-Rei e atraiu mulheres de Conselheiro Lafaiete, Juiz de Fora, Lavras, Barbacena, Barroso, Resende Costa e outras cidades.

A fotógrafa afirma que o objetivo do grupo era criar uma rede de apoio onde elas pudessem ter um espaço para tirar dúvidas, divulgar o trabalho, desabafar e, principalmente, trazer dicas sobre como trabalhar com redes sociais. “Muitas mulheres precisaram se reinventar e criaram seus negócios durante a pandemia. No entanto, muitas não entendem muito de (gestão profissional de) rede social. Alguns segmentos cresceram com a pandemia, outros, entretanto, estão em baixa, seja por falta de clientela, ou devido a escassez de encontrar fornecedores para os produtos (devido ao lockdown imposto durante a onda roxa, no programa “Minas Consciente”)“, explica.

A partir de então, o grupo vem articulando iniciativas para ajudar as mulheres a manterem seus empreendimentos ativos e lucrativos. “O grupo tem se mostrado eficiente na medida do possível. Conseguimos fazer um amigo oculto entre nós como forma de trocar serviços e produtos e fazer divulgação. Penso que ainda estamos em fase de tentar entender as potencialidades do grupo, mas já colhemos frutos”, admite.

Entre as realizações do grupo está a criação de um catálogo virtual dos serviços de todas as 107 integrantes. Também foram ofertadas oficinas de marketing e de redes sociais e, em breve, será oferecido curso de fotografia de produtos. De acordo com Natália, o maior sonho é promover uma grande feira, mas só será possível quando voltarem a ser permitidos os eventos presenciais.

Participantes já colhem frutos do grupo

Izabella Carazza Vallim, trabalha com produtos ecológicos e aromaterapia e relata que tem sido uma experiência incrível participar do grupo. (Foto: arquivo pessoal)

A reportagem do Notícias Gerais conversou com algumas das integrantes do grupo. A são-joanense Izabella Carazza Vallim, por exemplo, trabalha com produtos ecológicos e aromaterapia e relata que tem sido uma experiência incrível participar do grupo – não só pelo fato de conhecer mais o trabalho de outras mulheres, mas também por estreitar esse contato e trocar vivências. “O grande resultado que colhi foi esse mesmo, de estreitar o contato com essas mulheres, que estão passando por esse mesmo contexto de empreender e isso criou uma empatia e uma afinidade muito grande entre mim e elas”, declara.

Izabella vivenciou uma situação diversa de muitos empreendedores em relação à pandemia. A sua loja, que funciona totalmente de maneira on-line, foi criada durante o período da pandemia, sendo uma consequência desse cenário. “Eu estava sem aula na faculdade e, com tempo sobrando, comecei a organizar a loja. Os problemas que eu tenho são apenas com fornecedores, pois às vezes alguns produtos faltam”, pontua.

Vallim comenta que o grupo também ajuda muito em relação à motivação e também na busca por soluções. “A gente conversa muito sobre qualquer dúvida que a gente tem. Às vezes umas entendem mais de determinado assunto que outras e (então) a gente se ajuda. Com essa questão da pandemia, muita gente está vendendo on-line pelo Instagram e, inclusive algumas pessoas do grupo trabalham diretamente com marketing digital. Nós recebemos suporte até nesse sentido. É muito engrandecedor”, emenda.

O grupo acabou se transformando em uma rede de contatos – extrapolando a troca de conhecimentos para a prática comercial. “Nós buscamos muitas parcerias. Participamos com sorteio em conjunto entre as participantes. É uma rede de apoio mútuo e isso acaba ajudando muito na motivação para continuar com o negócio e solucionar nossos problemas”, conclui.

A psicóloga Isabel Noly de Paula afirma que o grupo é importante para manter a motivação das mulheres durante a pandemia. (Foto: arquivo pessoal)

Outra participante que relata sua boa experiência com o grupo é a juiz-forana Isabel Noly de Paula. Ela trabalha com atendimentos on-line de psicologia e arteterapia e relata muitos benefícios. “Participar do grupo me fortalece a seguir em frente, mesmo com tantos desafios”, frisa. “Empreender é um caminho bastante solitário, e encontrar pessoas que vivem os mesmos desafios que eu me traz esperança e força para seguir”, explica.

Isabel afirma que a pandemia afetou diretamente sua rotina profissional, aumentando a procura por atendimentos. “O meu trabalho com a psicologia foi impactado em relação ao sofrimento mental generalizado da população brasileira nesta pandemia. Isso se reflete na clínica, com o aumento do número de pessoas ansiosas, com quadros depressivos, transtorno do pânico, pessoas que perderam o emprego, entre muitas outras situações que se intensificaram com a pandemia”, exemplifica.

A participação no grupo, de acordo com Isabel, fez nascer um sentimento de união entre essas mulheres. “Em São João del-Rei e região existem muitas mulheres que empreendem nos diversos segmentos, mas nós estávamos dispersas. A iniciativa do grupo surgiu justamente para reunir essas mulheres e criarmos uma rede de apoio”, revela. “As mulheres são extremamente competentes naquilo que fazem, e muitas sofreram grande impacto negativo com a Covid-19. A ideia é, também, dar preferência para a pequena produtora, para aquela mulher que produz perto de mim, em pequena escala e que precisa vender para conseguir seguir com seu empreendimento”, defende.

Ela ainda destaca o papel do consumidor em ajudar a evitar o maior impacto da pandemia, colaborando com os pequenos empreendedores. “A colaboração neste momento pode ser a salvação de alguns empreendimentos pequenos, por isso, compre da vizinha, do mercadinho da rua, da mulher que faz comida pra fora. Cuide da sua saúde mental, cuide do seu corpo. Somos um grupo de mulheres com várias habilidades e serviços que podem te ajudar”, finaliza.

Isadora Bruzzi trabalha com marketing digital e seus negócios expandiram durante a pandemia. (Foto: arquivo pessoal)

Outro exemplo é a Isadora Sabino Bruzzi, de São João del-Rei. Ela trabalha com marketing digital e acredita que participar do grupo de mulheres empreendedoras é uma oportunidade de criar e fortalecer uma rede de apoio e propagar para outras pessoas a importância de consumir produtos e serviços de empreendedoras mulheres. “Além disso, todas acabam se sentindo mais motivadas a crescer, a divulgar o seu trabalho. As discussões nos levam a refletir sobre o atual cenário do empreendedorismo feminino e também a encontrar saídas para conquistar mais espaço como líderes independentes no mercado de trabalho”, argumenta.

A exemplo das duas entrevistadas anteriores, Isadora também não tem sido impactada negativamente com a pandemia, uma vez que sua área de atuação registrou grande crescimento nessa época. “As empresas entenderam como o marketing digital pode, de fato, salvar a vida de uma empresa. Sigo ajudando pessoas a criar uma presença forte e personalizada no universo digital, e sou muito grata por conseguir me manter ocupada todos os dias”, salienta.

Ela relata que a participação no grupo “deu um gás” em sua motivação. “É muito solitário trabalhar em home office como autônoma. Várias mulheres em um mesmo grupo com o sentimento de união acrescenta novas ideias. Muitas vezes achamos que uma solução é a melhor, mas quando proponho no grupo e vejo a diversidade no diálogo com as mulheres, percebo que não era como eu imaginava”, confessa.

Isadora finaliza afirmando que a ideia do grupo com a confecção do catálogo é promover o conhecimento geral do trabalho das integrantes e motivar as pessoas a saber mais através das redes sociais.

“Não vamos parar por aí, temos muitas ideias pela frente!”

– defende Isadora Sabino Bruzzi, que trabalha com marketing digital.

Serviço

Aos interessados em conhecer o catálogo do grupo, acesse o link disponível aqui.

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