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MULHERES CONCILIAM TRABALHO REMOTO, AFAZERES DOMÉSTICOS E CUIDADOS COM A FAMÍLIA DURANTE ISOLAMENTO SOCIAL

Marina Campos, diretora de formação política do Sind-UTE SJDR.
Foto: Arquivo pessoal.

Rhayssa Souza
Especial para o Notícias Gerais

A pandemia do coronavírus mudou a realidade de muitos brasileiros. De acordo com André Miceli, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o período deve fazer com que o trabalho remoto, também conhecido como home-office, cresça 30% após a estabilização dos casos. A nova rotina tem sido um desafio para muitos: é preciso cumprir as demandas do trabalho, conciliar com os afazeres domésticos e o cuidado com os filhos. 

Essa tem sido a realidade de muitas mulheres que, em meio ao período de isolamento social, precisam encarar o acúmulo de funções. É o caso de Marina Lopes, professora da rede pública e privada.

Acostumada à rotina dupla, conciliando trabalho e maternidade, durante a “quarentena”, ela enfrenta outros desafios: além dos cuidados com a casa, com a filha de 6 anos, e da demanda do trabalho, Marina precisa desinfetar o ambiente com frequência, já que seu marido não está em home-office.  

Em meio a tantos afazeres, é necessário planejamento para conseguir cumprir todas as obrigações. No caso de Marina, ela costuma pensar o que será feito no dia seguinte, sem esquecer do tempo com o marido e a filha.

“Priorizo o que é urgente e sempre deixo um momento para brincar e me dedicar à minha família. É quando me fortaleço para o próximo dia. Saber que os tenho aqui comigo é a minha injeção de ânimo para enfrentar a nova rotina”, diz ela.

A cada dia, as aulas que ministra on-line durante o isolamento social e as ligações dos alunos procurando tirar dúvidas com ela misturam-se as carências da filha que também tem suas demandas, seja por saudade dos coleguinhas ou por não entender porque precisa ficar em casa por tantos dias.

Entre dois mundos

Algumas empresas adotaram o revezamento de seus funcionários. É o caso de Gislene Sousa, auxiliar-administrativo, que durante a “quarentena” trabalha em dias alternados. A rotina aumenta os cuidados em relação a contaminação. De acordo com Gislene, ela e o marido são criteriosos na troca de roupa, realizada em uma área fora da casa, e na higienização das mãos com água e sabão. 

Em relação à rotina de trabalho, ela conta que tenta antecipar a demanda, mas devido ao alto número de atividades, algumas ficam para após o expediente ou para os finais de semana, sem deixar de lado as tarefas de casa e o cuidado com o filho.  

Novo mundo do trabalho

A educação básica em Minas Gerais e no Brasil tem uma composição majoritariamente de mulheres, tanto nos serviços de assistência na escola, quanto em sala de aula. Isso se repete na área básica da saúde, no qual as mulheres também são maioria entre enfermeiros, médicos e agentes, além das trabalhadoras informais e as domésticas.

Marina Campos, diretora de formação política do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de São João del-Rei (Sind-UTE SJDR), conta que o isolamento social é um debate entre os movimentos sociais.

Um dos pontos abordados nessa discussão remete ao governo de Minas Gerais e sua decisão para as escolas públicas do estado. A retomada das atividades no setor de educação, mesmo com aulas on-line, rompe o isolamento social. Marina explica que a volta dos trabalhadores às suas funções prejudica a “quarentena”.

“No caso das aulas à distância, existem alunos que não tem acesso à internet, e que precisariam comparecer às escolas para a retirada do material disponibilizado pelos docentes, gerando movimentação e a necessidade de profissionais nos locais”, afirma Marina Campos.

Além disso, os trabalhadores que ocupam funções entre faxineiros, porteiros e cantineiros, e outras atividades que não podem ser exercidas de casa, terão que comparecer às instituições de ensino, o que foge das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para este momento de pandemia. 

Divisão do trabalho doméstico

Para Marina, o desafio das mulheres em dar conta das atividades da casa, do trabalho remoto, da preocupação com os filhos e com a sobrevivência durante o período de isolamento social tem algumas soluções. A primeira dica é a divisão de tarefas da casa com todos os membros familiares que tem condição de exercer esse trabalho.

Também é necessário, por exemplo, definir o responsável pelas compras da casa, principalmente para controle de exposição ao Covid-19. Além disso, a contribuição dos homens nos trabalhos que normalmente são direcionados às mulheres é essencial.

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