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‘FALTAM RESPIRADORES, EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E PESSOAL’, ADMITE SECRETÁRIO DE SAÚDE DE SJDR

A foto mostra o rosto do secretário de saúde. Ele usa óculos e bigode farto
O secretário de Saúde de São João del-Rei, José Marcos Ferreira Andrade
(Imagem: Luciano Nascimento / Facebook)

André Frigo
Notícias Gerais

A pandemia do coronavírus 19 ameaça levar o caos para todos os recantos do planeta, está modificando os hábitos dos cidadãos e quebrando a rotina das cidades. No Brasil o primeiro caso foi registrado em São Paulo no dia 25 de fevereiro. De lá para cá os números crescem de forma exponencial.

Os números das pessoas infectadas pelo Covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde (MS) nesta segunda (23), contabilizavam 1891 casos confirmados e 34 mortos. Como o MS não divulga mais o número de casos suspeitos, não se tem a real dimensão do tamanho do avanço da doença. Além disso, os resultados, em alguns casos, têm demorado até 10 dias para sair.

As prefeituras das cidades, assim como os governos estaduais e federal, demoraram para reagir e a crise se instalou. O fator que despertou o país para a gravidade da doença foi a forma como a Itália vem sendo arrasada e as medidas radicais que o governo italiano teve que tomar para tentar deter a epidemia. Nesta segunda (23), ocorreram mais 601 mortes, superando a marca de 6 mil no total. O dado positivo é que pelo segundo dia seguido os números de mortos foram menores que no dia anterior.

Avaliando a situação de São João del-Rei, o secretário de Saúde do município, José Marcos Ferreira Andrade, reconhece que a cidade está no mesmo nível de mobilização da maioria dos municípios brasileiros e, de certa forma, foi surpreendido pela força da pandemia. “Claro que já vinha sendo falado há muito tempo, mas chegar no pico que chegou agora a gente não estava pronto para isso não”, declara.

“A gente montou nossa equipe muito rapidamente e começou a trabalhar imediatamente. Toda a rede de saúde do município está à disposição. A UPA está funcionando, as Unidades de Saúde dos bairros estão todas funcionando. A do bairro de Matosinhos, inclusive, funcionou no fim de semana para os casos de emergência agendados. E desde ontem, todas as unidades estão funcionando para a vacinação contra a gripe e para o agendamento de consultas. O objetivo é desafogar a UPA, evitar tumulto lá”, acrescenta.

(Imagem: Reprodução)

“Em São João, nós temos 29 respiradores e, juntando com a região, temos 43 no total. É insuficiente e o Estado e a União estão procurando suprir essa necessidade”

Leitos e respiradores disponíveis

Uma das grandes preocupações do secretário é com a quantidade de respiradores disponíveis na cidade. “Em São João, nós temos 29 respiradores e, juntando com a região, temos 43 no total. É insuficiente e o Estado e a União estão procurando suprir essa necessidade”, avalia.

A essa preocupação soma-se a falta de pessoal para atuar na prevenção e nos cuidados da população durante a pandemia. “A gente precisa contratar profissionais para a UPA. Mas não tem como contratar. Então estamos preparando um parecer jurídico que vai nos permitir contratar temporariamente profissionais de saúde, vigias que não temos e que precisamos para controlar os idosos que estão saindo de casa e outras situações”, afirma.

Além da contratação do pessoal, a dificuldade de comprar equipamentos de segurança para quem vai estar na linha de frente vem tirando o sono de José Marcos. E essa dificuldade não é exclusividade da secretária de Saúde. Hospitais de São João del-Rei e região também começam a sentir a falta de material de proteção. “Nós estamos tendo dificuldade. Nós encomendamos um carregamento de material de proteção que iria chegar na sexta (20) e que parece que foi interceptado ou foi requisitado. Não sei ainda o que aconteceu, mas não chegou até agora”, reclama.

O secretário também denuncia a tentativa de aumento abusivo de preços desses materiais. “E tem mais. Nós temos licitação de matéria de enfermagem, de proteção. Já tinha sido tudo licitado, tudo de acordo e a firma que ganhou o processo de licitação pediu três ou quatro vezes mais que o valor licitado e com pagamento a vista para nos fornecer a mercadoria. Precisamos notificar judicialmente as firmas para elas entregarem um pouco”, disse.

(Imagem: Reprodução)

“Nós encomendamos um carregamento de material de proteção que iria chegar na sexta(20) e que parece que foi interceptado ou foi requisitado. Não sei ainda o que aconteceu, mas não chegou até agora”

Vacinação contra a gripe

Conforme anunciado pelo Ministério da Saúde, começou nessa segunda (23) a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. Na primeira etapa, o público alvo são os idosos e os trabalhadores da saúde. O objetivo é atingir cerca de 70 milhões de pessoas em todo o país. Para isso o MS adquiriu 75 milhões de doses da vacina que já foram distribuídas para todos os estados. Nove de maio é o dia da mobilização nacional e 41 mil postos de saúde estarão abertos para fazer a imunização.

Em São João del-Rei a vacinação já começou na segunda (23), mas as doses de vacina se esgotaram na terça (24). Como o foco inicial é nos idosos, a orentação é que eles aguardem em casa a chegada do novo lote. A Secretaria de Saúde está procurando evitar concentração de pessoas nas Unidades de Saúde, mas não tem pessoal para vacinar todos os idosos em casa.

“Nós não temos pernas para vacinar todos os idosos em casa. Nós estamos enfrentando uma pandemia e a nossa equipe está focada nela. O que nós determinamos foi que os idosos não entrem dentro da Unidade. Os técnicos de enfermagem estão indo fora da Unidade para vacinar e evitar aglomeração. Agora, a pessoa que estiver acamada, o idoso que estiver muito debilitado, nós vamos à casa” garante.

(Imagem: Reprodução)

“Nós não temos pernas para vacinar todos os idosos em casa. Nós estamos enfrentando uma pandemia e a nossa equipe está focada nela. O que nós determinamos foi que os idosos não entrem dentro da Unidade”

A polêmica da divulgação dos casos confirmados

A Prefeitura de São João del-Rei confirmou nesta terça (24) a notificação do primeiro caso de paciente com coronavírus no município. Mas, no final de semana, o anúncio equivocado do Estado de que haveria um caso confirmado de paciente infectado pelo coronavírus na cidade gerou polêmica e uma série de desmentidos.

Segundo o secretário, a confusão aconteceu porque no sistema do Estado apareceu a confirmação do caso em São João del-Rei e,  como qualquer pessoa tem acesso aos resultados, a notícia viralizou nas redes sociais.

Entretanto, o secretário e sua equipe estavam convictos de que o caso não era daqui. “Nossa equipe de epidemiologia bateu o pé sistematicamente que aquele caso não era da nossa cidade. A gente não tinha dúvida disso. Mas o boletim do Estado é muito mais forte que a nossa fala. E no domingo, o Estado se retratou com um ofício, afirmando que não tinha nenhum caso confirmado me São João del-Rei, que até aquele momento não tinha nenhum caso confirmado. Quando tem, nós divulgamos normalmente”, afirma.

O secretário frisou também que a entrega de resultados está lenta. “Está agarrado mesmo. Nós temos exames lá desde terça (17) para vir o diagnóstico. É coisa que acontece. Algumas vezes, quando o resultado chega, o paciente já está fora do quadro. Acredito que é porque o volume é muito grande e ninguém estava preparado para esse volume”, avalia.

“Está agarrado mesmo. Nós temos exames lá desde terça (17) para vir o diagnóstico. É coisa que acontece. Algumas vezes, quando o resultado chega, o paciente já está fora do quadro”

Quarentena para evitar mortes

O secretário de Saúde chama a atenção para a importância da quarentena na tentativa de barrar a pandemia e evitar um grande número de mortes no município. “A quarentena é fundamental, as ruas da cidade tem que estar vazias. Nós temos de cuidar de nós mesmos. E não ficar no tumulto. E a população terá todo o apoio possível dentro das dificuldades que a gente está tendo para adquirir equipamento e material de proteção. Mas a gente está de prontidão 24 horas por dia. Funcionando, dando todo apoio e falando a verdade”, garante.

“A quarentena é fundamental, as ruas da cidade tem que estar vazias. Nós temos de cuidar de nós mesmos. E não ficar no tumulto”

1 COMENTÁRIO

  1. Estava sentindo falta desse tipo de informação e não sabia onde encontrar, informação local, ficamos sabendo notícias do mundo todo mas uma específica de onde moramos estava difícil. Muito importante o trabalho de vocês. Grata

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