Início Gerais Cotidiano EXCLUSIVO: FAMILIARES DE PRESOS ESTÃO HÁ MESES SEM NOTÍCIAS DE PARENTES

EXCLUSIVO: FAMILIARES DE PRESOS ESTÃO HÁ MESES SEM NOTÍCIAS DE PARENTES

imagem: Carol Rodrigues / arquivo

Carol Rodrigues
Notícias Gerais

Visitas a presídios de Minas Gerais foram suspensas dia 21 de março, como medida de combate à pandemia. Desde então, segundos relatos de familiares dos detentos, a comunicação com presos do Mambengo, em São João del-Rei, está cada vez mais difícil. Alguns estão há cerca de 4 meses sem notícias de parentes.

Com as visitas presenciais suspensas, a comunicação entre presos e familiares está acontecendo por cartas, videochamadas e telefonemas, de acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Porém, segundo parentes dos detentos, isso nem sempre acontece.

Ele é hipertenso. A gente liga, eles não atendem, ou só dá ocupado, um descaso muito grande, as informações que a gente recebe são muito vagas”, lamenta esposa de um preso

Falta de informações

Uma mulher, irmã de dois presos do Mambengo, que não quis se identificar, diz que já há cerca de 4 meses não recebe notícias deles. As cartas dos detentos – que na teoria eram para serem enviadas uma vez ao mês – ainda não chegaram em suas mãos desde a suspensão das visitas. 

Ela também relata a dificuldade de obter informações oficiais no presídio. Segundo ela, nem as ligações, nem as idas presenciais ao Mambengo fizeram com que conseguisse saber dos irmãos. “É uma falta de atenção com os familiares, se gente liga lá, não dão informações corretas, isso quando não colocam telefone fora do gancho”, reclama. 

O mesmo está acontecendo com diversas outros parentes presos em São João del-Rei. Outra mulher, que tem o marido e um primo em cárcere, também relata a dificuldade de conseguir falar com eles. Ela diz que, pelo companheiro ser hipertenso e precisar de medicação constante, tem ficado aflita com a falta de informação. 

Relata que o marido estava na Associação de Assistência aos Condenados (APAC) e havia sido liberado pelo juiz para voltar para casa devido à pandemia. Porém, como cometeu um outro delito, foi mandado para o Mambengo. 

“Desde quando ele voltou a ser preso que está sem o remédio, ele é hipertenso. A gente liga, eles não atendem, ou só dá ocupado, um descaso muito grande, as informações que a gente recebe são muito vagas. As assistentes sociais não ligam”, diz ela.

Polêmica no envio de kits

Cartas e itens pessoais – como cigarros, lâminas de barbear e sabonetes – podem ser mandadas pelos familiares aos presos uma vez ao mês pelos Correios. O valor do frete deve ser pago pela pessoa que fará o envio.

Porém, de acordo com parentes entrevistados pelo Notícias Gerais, os Correios não fazem a entrega no Mambengo e é a própria instituição que vai até lá buscar as encomendas para levar ao presídio. “Então para quem vai esse dinheiro?”, indaga uma das mulheres. 

“Pagamos caro no correio, de 28 até 40 reais para entregar Sedex que quem busca no Correio são os agentes”, completa. Questionada sobre o fato, a Sejusp disse apenas que “esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais e recebidos, ainda, via Correios”. 

Mobilização

Para tentar reverter a situação e conseguir informações de forma mais frequente, parentes dos presos estão se organizando para cobrar medidas mais efetivas da instituição. Reuniões estão sendo articuladas e, com a ajuda de uma advogada, os familiares estão tentando “garantir os direitos”. 

“Direto a gente liga para o diretor, liga para o presídio, tenta marcar reunião com a comissão das famílias dos presos. [o presídio] Fala que vai ligar, mas a gente não sabe se vai ligar mesmo”, diz uma das pessoas que fazem parte do movimento. 

O presídio

O Notícias Gerais procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, órgão responsável pelo Presídio do Mambengo. Segundo a Sejusp, “o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) ressalta que está buscando soluções para aumentar a periodicidade do contato dos familiares com os detentos da unidade de São João del Rei, assim como diminuir o tempo entre as entregas dos kits enviados por via postal”. 

O órgão diz ainda que outras medidas de aproximação com os familiares estão sendo adotadas, como as visitas virtuais. Até o momento, 92 das 194 unidades prisionais administradas pela Sejusp estão participando do projeto e o objetivo é expandir para todas. 

Um dos questionamentos dos familiares, porém, é quanto às pessoas que não possuem acesso a este tipo de tecnologia, principalmente idosos ou moradores de áreas do interior, onde o sinal de internet é escasso. Indagada sobre isso, a Sejusp, porém, não respondeu.

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