Início Opinião Crônica CRÔNICA: AINDA SOMOS OS MESMOS E VIVEMOS COMO NOSSOS PAIS?

CRÔNICA: AINDA SOMOS OS MESMOS E VIVEMOS COMO NOSSOS PAIS?

O filme “A Noite de 12 Ano” conta a história de três revolucionários que foram reféns da ditadura militar uruguaia por 12 anos, e não mudaram. Foto: Divulgação / A Noite de 12 anos

Marcius Barcelos  *
Uma Nova normalidade?

Muita coisa tem ocorrido no cenário pandêmico mundial, e com isso têm-se dito muita coisa. Fica até complicado de acompanhar o ritmo das reflexões sobre os acontecimentos. Então como refletir sobre uma “nova normalidade” no pós-pandemia? Nada será como dantes no quartel de Abrantes? Faz-se uma oportunidade global para essa dita “nova normalidade”? Julgo ser difícil, pois como disse Belchior “somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

Acabo de ver A Noite de 12 Anos, que conta a história de três revolucionários que foram reféns da ditadura militar uruguaia por 12 anos, e não mudaram. Um deles foi eleito presidente em 2010, o Pepe. As ditaduras militares na América latina contaram com a participação da “Democracia Americana”, o imperialismo ianque. Originário do imperialismo inglês que colonizou a América do Norte, escravizando africanos e exterminando os povos originários, sem esquecer de Portugal, Espanha e França, em suas ações ao sul. 

O fim da escravatura no mundo não se traduziu no fim da exploração do outro, aliás exploração é o mote central da humanidade dos dominadores. Já os povos originários têm a interação e o respeito à natureza como mote. Mas são as vítimas da polaridade racial dominante, em que a norma é a do Deus Capital.

O fim da escravatura no mundo não se traduziu no fim da exploração do outro, aliás exploração é o mote central da humanidade dos dominadores.

Belchior diz em outra parte da letra, “hoje eu sei, que quem me deu a ideia de uma nova consciência e juventude, tá em casa guardado por Deus contando o vil metal”. Uma das propostas para a “nova normalidade” é a renda básica universal, que a meu ver é o aprisionamento final da humanidade ao vil metal.

A luta antirracista global deflagrada nos últimos dias é uma revolta, uma explosão irracional, em que o coletivo age contra o que vem compactuando há tempos. A ascensão da extrema direita no mundo se deu por via democrática, não por imposição. Em Psicologia de Massas do Fascismo, Wilhelm Reich nos dá a base para começar a compreender as ondas fascistas no mundo, ao explicar como age o homem médio. Claro que essa nova onda tem um elemento novo, as redes sociais, mas as estratégias na disputa da narrativa são basicamente as mesmas.

Um personagem histórico que utilizou uma estratégia diferente é esquecido por todos: Mahatma Gandhi, com o uso da não violência para libertar a Índia do imperialismo inglês. Mandela é outro guerreiro, que ficou confinado por trinta anos e depois foi eleito presidente. 

* É estudante de Comunicação – Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano, numa ação do projeto Observatório da Saúde Coletiva – UFSJ.

2 COMENTÁRIOS

  1. O quarto parágrafo é explosivo. Faltou desenvolvê-lo sinteticamente. O quinto e sexto parecem denunciar a mediocridade de pensamento do homem médio estudado, mas não ensaiam ruptura com o modo de ser e de viver da geração que nos gerou, e que estamos perpetuando com superficiais alterações que não alteram o essencial: a divisão de classes, a crescente desigualdade, a ideologia do consumismo. Os Zé Ninguém, do Wilhelm Reich, proliferam. No tempo dos nossos pais e no nosso tempo. Desaprisionar do vil metal e de suas incontáveis sinapses para criar outras(s) normalidades, tem tudo a ver.

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