Início Opinião Crônica CRÔNICA: A DESIGUALDADE SOCIAL ACELERA O ÓBITO

CRÔNICA: A DESIGUALDADE SOCIAL ACELERA O ÓBITO

Foto: Agência Brasil

Mariana Bedeschi Nicastro *

O proprietário da empresa lava suas mãos sete vezes ao dia, e senta-se no confortável sofá de seu apartamento, questionando os projetos de remuneração que precisará desenvolver para seus funcionários, devido à necessidade de isolamento social.

Enquanto isso, um morador de uma favela, em seu humilde comércio, escuta relatos de mortes por coronavírus na televisão sobre o balcão. Nela, propagandas diversas pedem pela higienização da população. O comerciante apenas encara sua pia, lembrando que a água potável deixou de chegar em seu bairro há três meses. O político declara em redes sociais seu descontentamento para com o isolamento social, buscando formas de contorná-lo ao dizer “Não podemos ficar em casa! E a economia?”

Por sua vez, a trabalhadora doméstica deixa a segurança de seu lar e enfrenta um ônibus e um metrô lotados, até chegar na casa de seu empregador, onde ela trabalhará até o período da noite, a fim de garantir seu ganho semanal que sustenta a si e a seus dois filhos. A modelo se utiliza da quarentena para meditar, fazer yoga e planejar suas futuras viagens, enquanto debate a importância de tirar um tempo para si nas redes sociais, e agradece a melhora do meio ambiente após a redução do fluxo de pessoas nas ruas.

Entrementes, um homem de meia idade em situação de rua, observa uma única mulher andar pela avenida próxima à calçada onde ele passa as noites. Nota que ela usa uma máscara descartável e caminha apressada, com sacolas de compras nas mãos. O jornal sobre as pernas do homem informa sobre a pandemia. Ele olha para os lados e vê três de seus companheiros dormindo na calçada ao seu lado, naquele fim de tarde. Tira um lenço surrado do bolso e cobre o nariz e a boca. 

Exibindo a necessidade de investimentos em diversos setores públicos, a Covid-19 apenas confirmou o que já era de conhecimento da população: a falta de acesso de grande parcela de indivíduos à higiene básica, moradia, saneamento e saúde.

Exibindo a necessidade de investimentos em diversos setores públicos, a Covid-19 apenas confirmou o que já era de conhecimento da população: a falta de acesso de grande parcela de indivíduos à higiene básica, moradia, saneamento e saúde. Além disso, trabalhadores, principalmente os informais, sofrem com a ausência de regulamentos que providenciem ao mesmo tempo segurança financeira e médica. Dessa maneira, o coronavírus evidencia a desigualdade social no mundo e os privilégios de classe e, como conclui o jornal O Tempo, na notícia “Desigualdade social e coronavírus”, “a desigualdade social acelera o óbito”.

  • É estudante de Jornalismo da UFSJ e produziu este texto sob a orientação do professor Paulo Caetano.

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