Início Cultura CRÍTICA: SPACE FORCE (2020) – DUPLA RESPONSÁVEL POR THE OFFICE DECEPCIONOU?

CRÍTICA: SPACE FORCE (2020) – DUPLA RESPONSÁVEL POR THE OFFICE DECEPCIONOU?

Steve Carell em Space Force (2020)

Lucas Maranhão *

Sem qualquer dúvida, posso afirmar que Steve Carell e Greg Daniels criaram juntos a melhor comédia do século XXI, com o mockumentary The Office (2005-2013) – Daniels, com o título de co-criador, e Carell, como protagonista. Apesar de ser uma adaptação de uma produção britânica criada pelo comediante Ricky Gervais, a série encabeçada pela dupla foi mais longe, expandindo os limites do formato que “imita um documentário”. Para Carell, a série também deu origem ao seu personagem mais conhecido, Michael Scott, de cuja sombra ele tentaria fugir por anos, depois de abandoná-lo, na sétima temporada, dedicando-se a produções dramáticas. Por isso, o reencontro proporcionado pela Netflix causou grande expectativa entre os fãs.

Talvez seja essa grande expectativa também a culpada pela chuva de críticas negativas que Space Force (2020) vem recebendo. Definitivamente,  a nova série de comédia da dupla não é como The Office: não tem o mesmo humor afiado e não tem a mesma estrutura narrativa inovadora. Por outro lado, é possível ver a mesma visão sarcástica, que antes era voltada para o escritório, as corporações e o capitalismo e, agora, se debruça sobre o governo, o militarismo e o imperialismo norte-americano.

Space Force acerta nessa análise satírica que faz do mundo em que se concentra. Em certo episódio, vemos o personagem de Carell, um militar, desacreditando um grupo de cientistas à sua volta – em sua área de especialização – simplesmente para seguir o seu instinto. Como ser mais conectado com a realidade que isso? O próprio enredo da série é real, inspirado pela decisão de Donald Trump de criar uma divisão do exército para o espaço. Assim, não é de surpreender que o presidente dos Estados Unidos, na série, é sempre citado como egocêntrico, louco e fascinado pelo twitter.

O elenco também tem seu destaque. Como protagonista, Carell contracena com o sempre genial John Malkovich, seu cientista número um. Além disso, temos a despedida póstuma de Fred Willard, que veio a falecer no mês passado. Os personagens secundários são carismáticos em suas participações pontuais, principalmente os interpretados por Ben Schwartz, Tawny Newsome e Jimmy O. Yang. Porém, o “núcleo familiar” da série deixa a desejar com personagens desinteressantes que tiram o brilhantismo até mesmo da maravilhosa Lisa Kudrow, que possui participação reduzida.

A verdade é que Space Force dá a sensação de que o roteiro poderia ser mais refinado e pode ser decepcionante para quem esperava, há sete anos, o retorno da dupla de The Office. O que vemos é Greg Daniels tentando se adaptar a um formato mais próximo dos serviços de streaming e, assim, perde o que tem de mais único: o humor ácido, mesmo que sutil. Entretanto, a série demonstra pontos com força suficiente para engrenar em uma segunda temporada. O futuro, porém, parece ser incerto, com tantas opiniões negativas. Space Force é tão ruim assim? Não, mas também não chega aos pés de The Office.

Nota:

  • É jornalista, designer e apaixonado por cinema.

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