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CONHEÇA NELSON TEICH, O MÉDICO ONCOLOGISTA ESCOLHIDO POR BOLSONARO COMO NOVO MINISTRO DA SAÚDE

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Por Arthur Raposo Gomes
Da Editoria

Quase simultaneamente ao término do pronunciamento de Luiz Henrique Mandetta à imprensa, sobre a sua demissão do cargo de ministro da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também participou de uma coletiva de imprensa, onde falou sobre a saída de Mandetta e oficializou o seu substituto: Nelson Teich.

De acordo com fontes ouvidas pelo Notícias Gerais, o nome de Teich já era cogitado como possível sucessor de Mandetta há alguns dias em Brasília.

Nelson Teich se formou em Medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro em 1980, tendo residência médica em Clínica Médica e em Oncologia Clínica, respectivamente, pelo Hospital de Ipanema e o Instituto Nacional de Câncer (INCA); além de outras pós-graduações em gestão – área em que possui grande experiência profissional.

Em 1990, fundou o grupo “Clínicas Oncológicas Integradas (COI)”, no qual atuou como presidente até maio de 2018. Teich também dirigiu a “Medinsight – Decisões em Saúde”, empresa de realização de pesquisa e consultoria em economia da saúde.

Quando Bolsonaro foi eleito, Teich chegou a ser ventilado como um dos possíveis ocupantes do cargo de ministro da Saúde, que ficou com Mandetta. Depois, ele já chegou a fazer parte do Governo Bolsonaro, quando foi assessor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, no Ministério da Saúde, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020.

De acordo com seu perfil na rede social LinkedIn, desde março, o médico oncologista atua na prestação de consultoria em assistência médica, com foco em oncologia e economia da saúde.

Artigos podem indicar posicionamento sobre questões da pandemia do novo coronavírus

Desde que os municípios brasileiros começaram a ser afetados pela Covid-19, em meados de março, Teich publicou artigos sobre temas específicos. Em vários pontos, o novo ministro cita a importância da informação de qualidade, aborda o elo entre saúde e economia, chega a comentar sobre os tratamentos a base de cloroquina e, em um deles, elogiou a condução de Mandetta à frente do Ministério da Saúde.

Confira alguns trechos de destaque:

– 18 de março: “COVID-19, Telemedicina e Eficiência do Sistema de Saúde”

“[…] A Pandemia do Coronavírus, por tratar de uma doença com evolução rápida, que se transmite com facilidade, potencialmente fatal, que muda drasticamente o dia a dia das pessoas e é cercada de muita incerteza, leva a uma enorme atenção da população, dos Sistemas de Saúde e dos Governos, funcionando como um ‘Teste de Fogo’ para o Sistema.[…]”

“[…] É importante lembrar que outras doenças infecciosas e crônicas não transmissíveis são tão graves ou mais que a COVID-19 para a sociedade, mas como existem de uma forma menos aguda, menos alarmante e cercadas de menor incerteza, elas não mobilizam a sociedade e os Sistemas de Saúde com a mesma intensidade e emoção.”

“Nos Sistemas de Saúde, como os recursos financeiros são sempre menores do que os considerados necessários para abordagem dos problemas existentes, a eficiência assume um papel crítico. Eficiência é a combinação ideal de informação, estratégia, planejamento e capacidade de execução, independente dos recursos financeiros disponíveis.”

“Outro ponto importante é que Sistemas de Saúde não quebram, não vão a falência, eles simplesmente se ajustam, com base nos recursos financeiros existentes e na eficiência da operação do sistema. Os Sistemas de Saúde se ajustam restringindo acesso. Quando faltam profissionais, materiais e medicamentos, quando cirurgias são canceladas, quando leitos são fechados, o que aconteceu na realidade foi restrição de acesso.”

“Impossível falar sobre o problema da COVID-19 no Brasil e não comentar a atuação brilhante do Ministro Luiz Henrique Mandetta. Excepcional condução, tranquilidade, equilíbrio, eficiência e enorme capacidade de comunicar de forma clara com a sociedade.”

– 24 de março: “COVID-19: Histeria ou Sabedoria?”

“A discussão sobre as estratégias e ações que foram definidas por governos, incluindo o Brasileiro, para controlar a Pandemia do Covid-19 mostra uma polarização cada vez maior, colocando frente a frente diferentes visões dos possíveis benefícios e riscos que o isolamento, o confinamento e o fechamento de empresas e negócios podem gerar para a sociedade. É como se existisse um grupo focando nas pessoas e na saúde e outro no mercado, nas empresas e no dinheiro, mas essa abordagem dividida, antagônica e talvez radical não é aquela que mais vai ajudar a sociedade a passar por esse problema.”

“O papel do líder e gestor em um processo como o do Covid-19 é mais complexo do que tentar adivinhar o que vai acontecer para planejar os próximos passos. Aquele que lidera a estruturação e operação do sistema de saúde em situações como essa precisa mapear os possíveis cenários, do mais provável ao menos provável, e de alguma forma se preparar para cada um deles e para suas evoluções. Isso vale inclusive para os cenários menos prováveis, principalmente se eles trazem com eles possibilidades catastróficas, como acontece com a Covid-19.”

“Como vemos, o risco da Covid-19 para a sociedade e para a saúde das pessoas ainda não é claro e pode ser muito grande. Essa incerteza e o medo levam os países e sistemas de saúde a adotar de forma totalmente compreensível as medidas atuais, mas o ponto fundamental da discussão, quando mudamos a perspectiva para o lado econômico, é qual o impacto das perdas econômicas na mortalidade não só das empresas, mas das pessoas. Temos que avaliar a abordagem aparentemente oposta, que começa a discussão pelo lado econômico, usando o mesmo objetivo final, que são os desfechos clínicos em saúde, que é evitar a morte e o sofrimento das pessoas.”

“Se não conseguirmos encontrar rapidamente um tratamento para a Covid-19, algo que talvez os tratamentos à base de cloroquina possam representar, a cada dia que passar essa situação de confinamento, isolamento e queda econômica vai levar a uma angústia, desconforto, ansiedade e problemas crescentes e imprevisíveis. É preciso acompanhar as mudanças de comportamento, valores, prioridades e escolhas que vão acontecer com a evolução da situação atual.”

Informação em tempo real, sabedoria e capacidade de comunicar e executar vão ser as ferramentas mais importantes para que possamos enfrentar a Covid-19 e sairmos dela da forma menos sofrida possível.”

3 de abril: “COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil”

“Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. […]”

“[…] Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país.”

“Outro tipo de isolamento sugerido é o isolamento vertical. Nessa opção apenas um grupo de pessoas é submetido ao isolamento, no caso aquelas com maior risco de morrer pela doença, como idosos acima de 60 anos e pessoas com outras doenças que aumentam o risco de morte pela Covid-19. Essa estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema.”

Testes em massa para a Covid-19 são necessários para o entendimento do comportamento da doença e para definir as melhores estratégias e ações.”

Vídeo polêmico viraliza na internet

Instantes depois de Teich ser anunciado como novo ministro da Saúde, um vídeo institucional, de um evento que contou com a participação dele em abril de 2019, começou a ser amplamente compartilhado nas mídias sociais.

No vídeo, ele indaga sobre as escolhas no dia-a-dia profissional. A partir do momento 4:50, Teich questiona quem teria prioridade, em uma situação hipotética: um adolescente “que vai ter a vida inteira pela frente” ou uma pessoa idosa “que pode estar no final da vida”. Assista!

1 COMENTÁRIO

  1. E se forem dois jovens, um negro rico e um branco pobre ou um negro pobre e um branco rico, para quais ele não desperdiçaria recursos para salvar de um câncer ou qualquer outra enfermidade, como, por exemplo, o covid-19? Ele tem 63 anos e sabe que em dois anos estará na faixa considerada idosa pela nossa lei, que foi alterada em 2019 de 60 para 65 anos. Será que ele trataria assim o Gal. Heleno, com 73 anos, que teve o vírus e, “curado”, voltou a trabalhar antes do prazo determinado pelos médicos? E o Dr. David Uip, infectologista de 67 anos, também teria sua vida trocada pela de um jovem? Claro que não, a fila do matadouro é seletiva.

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